:: Culpa boa X Culpa ruim
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:: Culpa boa X Culpa ruim



Essa semana tem sido muito diferente. Fiz uma coisa que não acontecia há tempos: me joguei de cabeça em conversas sobre maternidade. Entre posts, comentários, emails e conversas, produzi mais texto - e mais racíocínio - do que fiz em meses. 

Tenho vontade de reproduzir aqui cada coisa que foi conversada, porque sinto que estou avançando muito. Não vou fazer isso porque muitas dessas conversas aconteceram em off e envolvem pessoas que justamente escolheram não se expor mais em discussões maternas, por conta de todo o mal entendido que elas pode gerar. Gente de "lá" e de "cá", olha que interessante. Parece que o clima tá pesado pra todo mundo.

Me pergunto como foi que a briga mães X sistema opressivo virou mães x mães. Minha impressão é que as mães (todas), na ânsia de se defenderem (seja por se sentirem oprimidas pelo "sistema", seja por verem apontadas as suas fragilidades), atacam enlouquecidamente. E aí, colegas, voa sopapo pra tudo que é lado. E a defesa muda: não brigo mais contra o sistema nem contra minhas próprias questões, e sim contra aquela outra mãe que, distribuindo sopapos, me acertou na boca do estômago. 

"A militância é agressiva", nós dizemos. Mas a antimilitância é tão agressiva quanto. Todo mundo anda muito agressivo, o que é uma pena. No meio da guerra, perde-se uma informação fundamental: estamos todas do mesmo lado.

(Recomendo a leitura dessa carta que está no site do coletivo ILC. Ela diz muito do que eu penso.)


Bom, mas um dos textos que elaborei por aí pode vir pra cá. Foi uma resposta para a Paloma que dialoga com o meu post anterior e com o post da Lia, que gerou toda a conversa. Passo pra cá porque ela completa o meu raciocínio sobre culpa materna.


{"Oi Paloma, bibibi, bobobó" - vou pular essa parte e ir direto ao ponto}

Me parece que, antes de tudo, falta definir "culpa" nessa conversa toda. Isso vai esclarecer porque existe um "culpa não" que eu apoio e outro que eu condeno.

Você falou de uma coisa fundamental: a culpa como motor para questionar e mudar. A culpa boa, que gera inconformismo, te move, te empurra pra frente. Perfeito!

Mas tem outra culpa: a que te tortura e te fragiliza. Essa é a culpa ruim.

Eu tentei substituir "culpa" por outras palavras e acho que isso me ajuda a explicar melhor. vamos trocar "culpa boa" por "consciência" e "culpa ruim" por "arrependimento".

O que eu não quero carregar são os arrependimentos. Eles, por si só, são improdutivos. Um arrependimento é uma ferida que não sara. Se eu entendo o que me levou a tomar aquela decisão pela qual eu me arrependi, consigo me perdoar - e me fortaleço para mudar. Me libertei da culpa-arrependimento, curei a ferida. Esse é o "culpa não" que eu apoio!

Agora, se eu quero me livrar da culpa-consciência para seguir tomando decisões sem assumir responsabilidades, é porque algo está errado. Esse "culpa não", que valida qualquer ação minha e me deixa parada no mesmo lugar, eu condeno.

Portanto, a minha ideia do "culpa não" seria melhor expressa assim: "consciência sim, arrependimento não."

Agora, decidir qual versão do "culpa não" se está abraçando é algo pessoal e intransferível. Porque aí entra exatamente o que você falou: a INTERPRETAÇÃO. Cada um lê as coisas como lhe convém. Tanto o "culpa não" quanto a "maternidade ativa", mal interpretados, podem virar muletas emocionais bem complicadas. 


{sobre isso: teve gente que viu no meu comentário no post da Lia um certo desserviço, pois eu posso ter aliviado a culpa "errada" (a consciência) de muitas mães.}

Tem aquela frase mais ou menos assim: "eu sou responsável pelo que escrevo e não pelo que você entende", não tem? Acho que é por aí. O problema, Palô, não são as teorias, e sim o que as pessoas fazem delas. 

Assunto para outro looongo post... ;)




Por hora é isso. Acho que ainda volto nesse assunto, tô atacada, o bichinho da teorização materna louca me picou! Uma hora o efeito passa? Eis a questão.





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