Filhos
Hora de dormir
Olá mamães!! Tudo bem?
Como prometido no ultimo post, falarei sobre a hora de dormir do bebê. Evitei escrever aqui acerca desse assunto, pois acreditava que não deveria compartilhar meu "procedimento", já que a maioria das pessoas o julgava errado. Mas quer saber? Eu não acho errado e funcionou para mim.
Você sabe o que as mães do reino animal têm em comum? Elas mantêm seus bebês sob suas asas/patas nos primeiros momentos de suas vidas (pelo menos a maioria delas!!). E foi exatamente isso que tive vontade de fazer, assim que a Isabela nasceu e, mais recentemente com a Estela: deixá-las o mais perto possível de mim, principalmente durante a noite. Tornar-me mãe foi o mais próximo que cheguei da minha essência, dos meus instintos...do animal mesmo. Se mexem com minhas filhas, fico tão louca como uma leoa ou qualquer outra fêmea, de uma maneira completamente irracional. Se chego em algum ambiente, começo a ver todos os perigos que ele representa à elas e, passo a protegê-las de todos. Se revelo algum desses medos a outra pessoa, logo ouço: "que exagero", "que neurótica". As vezes esses medos são ilógicos, irracionais, frutos de um sentimento maior, aquele instinto primitivo que tentamos negar. Mas por que negá-lo? E, por que estaria errado?
Pois bem, sempre tive medo de que algo pudesse acontecer com minhas filhas durante a noite. Não concordava com a idéia de deixá-las sozinhas em seus quartos, enquanto eu dormia no meu.
Hoje minha filha mais velha tem quatro anos e dorme sozinha em seu próprio quatro desde os 2. Antes disso, eu dormia com ela.
Logo que nasceu, deixava-a no moisés, em minha cama, bem do meu lado. Quando ela completou 5 meses pensei em colocá-la no berço, mas ela não ficou. Acordava várias vezes durante a noite e eu não me aguentava em pé no dia seguinte. Não dormia nada. Meus sentimentos ficavam à flor da pele, chorava e ficava irritada por qualquer coisa. Resolvi desistir de colocá-la no berço e a deixei dormir em minha cama. Confesso que não aguentei, foi uma questão de necessidade...eu precisava dormir!!
Incrível como ela ficava tranquila ao meu lado, dormia bem, muitas vezes a noite inteira....e eu também. Eu abria os olhos e lá estava ela à minha frente. Sentia-me extremamente feliz e segura.
Só coloquei ela direto na minha cama nesse periodo (6 meses aproximadamente), pois enquanto ela era bem pequenininha, morria de medo de virar e esmagá-la, embora achasse que tinha controle total sobre meus movimentos à noite. Não tenho não e, se me permitirem aconselhá-las a respeito de algo, apenas digo isso: não coloquem o bebê recém-nascido para dormir direto na cama com vocês, pois isto sim pode ser perigoso. Ficamos tão cansadas que podemos machucá-lo sem perceber.
Quando a Isabela completou um ano e, aqueles riscos de sufocamento, engasgamento, mal súbito e outros tantos deixaram de me assombrar, achei que era a hora de colocá-la em seu quarto. Mas o que realmente me fez decidir isso, de maneira determinada, foi a qualidade do sono que passou a ficar prejudicada. Ela começou a se mexer muito à noite, vinha com o pé em meu rosto e me acordava!! Então, eu tirava o pé dela e, ela acordava. Resolvi colocá-la em seu quarto, dessa vez sem desistir, pois me sentia realmente mais segura e confiante para dar esse passo.
Não fui radical, mas sim aos poucos. Primeiro quis acostumá-la ao ambiente novo e, depois, à minha ausência.
O berço já estava ficando ultrapassado para ela, razão pela qual resolvemos comprar uma caminha de mocinha, para empolgá-la mais com a idéia de ter seu próprio quarto. Escolheu a cama, o lençol de bailarina. Comprei um travesseiro confortável, uma fronha para combinar com o lençol. Passei a conversar com ela sobre dormir sozinha. Lia historinhas de incentivo, como "o coelhinho insone". E foi dessa forma que ela passou a dormir sozinha, em seu quarto.
Mas não foi como mágica que tudo se desenrolou. No começo ela acordava várias vezes e, pacientemente, eu ia até o quarto dela e dizia que estava tudo bem. Ainda hoje, uma noite ou outra, ela acorda chamando a mim ou meu marido. Seja por causa de um pesadelo, por sede ou vontade de ir ao banheiro.
A conceituada psicóloga Rosely Sayão discorreu sobre este assunto em sua coluna para Folha de São Paulo de 11/03/2014. Seu texto brilhantemente ressaltou que todos nós conhecemos pessoas com problemas para dormir, muitas delas que precisam até de remédios para cair no sono. Se nós mesmos não sofremos com a famigerada insônia, ao menos já tivemos pesadelos.
Pois bem, o sono não é algo que conseguimos controlar ou domesticar, não obstante nos ocuparmos com dezenas de livros que propõem a fórmula mágica para o sono perfeito de nossos bebês e crianças. Pensando nisso, a recomendação é criar um ambiente propicio para o sono das crianças e, na minha opinião, ter paciência e sabedoria para atendê-las da melhor forma, nos momentos em que elas nos chamam à noite.
Não preciso nem dizer que sou contra a "tática" de deixar o bebê chorar. Isso nega nosso sentimento natural de mãe, que é o de proteger e confortar o filho. Se o bebê está chorando, motivo tem, seja este fome, desconforto, frio, medo, etc. A criança maiorzinha também pode ter alguma dificuldade para dormir, pode ter pesadelo, ter medo....Ignorar a criança ou gritar com ela para voltar a dormir não é, nem de longe, a solução para tais problemas.
A Dra. Eliane Volchan, professora no Laboratório de Neurobiologia do Instituto de Biofisica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro assevera que, os filhotes de mamíferos, ao se separarem de sua mãe ou de seu grupo, passam a vocalizar tal situação para avisar que estão em perigo, pois, sozinhos, facilmente poderiam ser capturados por algum predador. Sem este sinal de alarme emitido pelos filhotes, os mamíferos não teriam chances de sobrevivência. Uma pesquisa feita em seres humanos revelou que, essa separação da mãe é entendida como um risco à vida do bebê e, faz ativar as mesmas áreas cerebrais da DOR FÍSICA.
"Os achados CIENTÍFICOS corroboram o bom senso demonstrando que, quando um bebê chora ao perceber sinais de separação (ausência de contato visual, auditivo e principalmente somático: contato físico corpo a corpo), seu cérebro está acionando o recurso máximo de alarme para uma ameaça à sua sobrevivência. Do mesmo modo, os adultos mais próximos são sensíveis a essa vocalização que provoca atitudes de socorrer e confortar bebê trazendo-o para perto de si e embalando-o. A proposta de reprimir o impulso de pegar a criança no colo é, assim, absurda, pois viola umas das nossas reações mais básicas e fundamentais da nossa herança evolutiva".
Partindo das mesmas premissas lançadas no texto anterior, que me fizeram optar pela amamentação em livre demanda, escolhi deixar minhas filhas dormirem comigo no começo e, no tempo certo (que só eu sou capaz de julgar) com amor, diálogo e paciência, colocá-las em seus respectivos quartos, sozinhas, iniciando a conquista do próprio espaço e da independência.
Por fim, devo dizer que essa fase passa tãooo rápido! Logo mais nossos filhos estarão saindo com os namorados, com vergonha de andar conosco, indo viajar com a galera....Portanto, vamos curtir esse tempo que não volta, vamos proporcionar uma infância maravilhosa para eles, vamos abraçar, beijar, pegar no colo, deixá-los debaixo de nossas ASAS, porque quando menos esperarmos, eles terão as próprias e vão voar...à nós, restará as incríveis lembranças e a certeza de que aproveitamos tudo o que podíamos!!!
Beijoss
Referências;
Esclarecimentos de Dra. Eliane Volchan - http://robertocooper.com/2012/04/27/devo-deixar-meu-bebe-chorar/
Texto de Rosely Sayão para Folha de SP de 11/03/2014 - http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2014/03/1423589-o-importante-ritual-do-sono.shtml
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