:: Minha segunda vez
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:: Minha segunda vez



Não sei se amnésia gestacional bateu forte ou se está tudo diferente mesmo. O fato é que essa segunda gravidez tem sido bem pouco familiar, pra minha surpresa. Engravidei dessa vez achando que quem pariu um pariu todos, mas não: cada pança é uma pança, eis uma nova lição que a vida me ensinou.

Enjoei bem mais dessa vez. Era uma náusea eterna, gorda, pegajosa e que não dava trégua. Se na primeira gravidez o enjôo vinha em ondas, na segunda foi um tsunami constante que durou exatos 3 meses e foi-se como se nunca houvesse existido. Junto com a náusea veio um faro de cão de caça, e cheiros que antes eu gostava ficaram intoleráveis. Enjoava com perfumes, pasta de dente, comida no fogão. Farejava coisas que estavam em outro cômodo da casa. E, sobretudo, queria morrer com o cheiro dos cremes para gestantes - que idéia infeliz foi essa de botar perfume em cremes pra grávida, meu jesus??? Eu não conseguia nem abrir a tampa. Foi uma fase horrível, ainda bem que não durou muito - sei de moças que ficaram a gravidez inteira nessa gastura, imagina só que terror.

A pancinha apareceu antes. As contrações de Braxton-Hicks também, e bem mais fortes. E o embutido se mexe de um jeito totalmente diferente: tremiliques que fazem a barriga chacoalhar feito uma montanha de gelatina. Alice dava chutinhos e passava o pé, mas não se sacudia tanto. Veio calminha, calminha. Já essa gravidez tá uma loucura, parece que engoli uma ninhada inteira de doninhas hiperativas. O garotão promete...

Sabe aquele clichezão de propaganda de carro, "compacto por fora, gigante por dentro"? Aposto que foi criado por uma mulher, e grávida, e de 7 meses. A barriga me parece bem maior do que é de fato. Por fora ninguém diz, não é uma barriga grande pra 33 semanas. Mas "por dentro" - se é que vocês me entendem - ela parece descomunal. Sinto esticada, pesada, tombando, quase no limite (e ainda falta crescer tanto, god!). Parece que, se eu respirar fundo, a pança vai rasgar. Não lembro desse incômodo, tenho a impressão que a primeira vez foi mais confortável, abdominalmente falando.

E por fim, dessa vez eu fiquei cegueta. Sou míope e nunca enxerguei bem de longe, mas agora não consigo focar direito de perto. Achei que estava chegando a temida hora da "vista cansada" e dos fatídicos óculozinhos de farmácia, mas não, parece que esse pode ser um efeito da gravidez (Paloma que me jogou essa luz, ufa!).

Enfim, caiu aquela certeza de que a segunda gestação seria mais tranquila. Estou achando bem mais chatinha, na verdade. Mas pra provar que grávida não bate bem da cabeça, eu ainda toparia passar metade da minha vida embuchada. Mesmo ruim, é bom. E já estou com saudade de estar grávida (mesmo ainda estando), porque essa deve ser a última vez. Então bateu aquela nostalgia: tenho mais 1 mês e meio de gravidez, e fim. Nunca mais hei de ficar grávida. Isso é triste à beça, pô! Dois filhos me parece bom, mas duas gestações é muitíssimo pouco, sou um bocado apegada à esse estado tão interessante...

(Dúvida repentina: Barriga de aluguel é carreira? Respeitável? Com carteira assinada, FGTS e o escambau? Se sim, amigas, acabei de descobrir minha vocação nessa vida!)


- Filha, vem aqui tirar uma foto com a barriga!
- Com a barriga? TÓ!!!






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