:: O dia do teste
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:: O dia do teste



Me lembro perfeitamente. Foi dia 6 de janeiro de 2007, às 6 da manhã - um desses plot-points que viram a vida do avesso. Acordei pra um xixi básico, peguei o teste de farmácia e rumei pro banheiro. Sonada e sem óculos, míope de tudo.

 

O teste era um capricho, quase uma brincadeira, que o Carlos sugeriu um dia antes: “faz o teste que no dia seguinte você fica menstruada, aposto.” Isso porque minha TPM vinha se arrastando há mais de uma semana, com peitos inchados e coliquinhas e tudo mais. A menstruação estava atrasada, como sempre – intervalos de 3 ou 4 meses sempre foram normais pra mim por conta de ovários policísticos. Nada de mais. Eu achei a idéia de fazer um teste de gravidez divertida, nunca tinha feito um na vida. Mas eu não estava grávida, tinha certeza. “Eu saberia”, eu disse pro Carlos. “Mulher sente essas coisas, eu vou saber no instante que engravidar, quer apostar?” - ainda bem que não apostamos, eu ia perder dinheiro.

 

Então eu estava lá, tranqüilona, xixizinho rolando. Molhei o palitinho do teste e olhei. A bula dizia pra esperar 3 minutos, mas no que eu olhei o palito já estava coloridão. Rosa-choque. CHOQUE! Fiquei ali olhando abobalhada, tentando entender o que aqueles dois risquinhos significavam. Tá, eu sabia perfeitamente o que significavam, mas na hora é tão surreal que a gente não acredita, e então eu li a bula, e li de novo, e me amaldiçoei por estar sem óculos numa hora dessas, tendo que quase colar o nariz no teste todo xixizado pra enxergar direitinho e ver bem os dois risquinhos e finalmente entender que sim, eu estava grávida, cacilda!

 

Passei uns 2 minutos (que pareceram 20) ensaiando uma cara pra sair do banheiro e comunicar o Carlos que ele ia ser papai. Mas não consegui. Apenas saí do banheiro com uma cara besta e disse, melhor comprar outro teste, acho que fiz xixi no lugar errado, deu xabu, enquanto mostrava pra ele os dois riscos e ele me olhava aparvalhado. Silêncio sepulcral. E aí ele disse, BZ, você tá grávida. E só nessa hora eu acreditei, porque até então ainda achava que tinha alguma coisa errada com o teste. E a gente ficou ali, na cama, os olhos arregalados de susto, sem saber se era pra rir ou pra chorar. 

 

Aí foi aquela novela de ligar pra médico, fazer exame de sangue e esperar horas pela confirmação. Eu lembro de cada detalhe desse dia com precisão absoluta. O resultado do exame de sangue sairia às 16h, e o Carlos iria ver na internet e me ligar – na época eu era barista numa cafeteria, trabalhava nos fins de semana. Às 16h, toca o celular. Era o meu amigo Daniel, e a conversa seguiu assim:

 

- Béza, tô aqui comendo uma feijoada com o Tom, o Luís e Bel e a gente tá falando de você.

- Ah é? Falando o quê? (vontade de gritar: meeeeu, tô grávida!)

- A gente fez uma aposta.

- Sério? (tô grávida, Santi, acredita?? – não falei, mas pensei.)

- Sério. Mas não posso contar o que é...

 

Como se precisasse, Santi bobinho. Eu já sabia. Tinha certeza absoluta. A aposta era: quando a BZ vai aparecer grávida? Porque eu tinha anunciado que ia parar com a pílula e rolou um frisson coletivo, ninguém nunca achou que eu fazia o gênero moça casadoira e família. O Daniel ainda fez um suspensezinho, eu fingi que fiquei curiosa e segurei a vontande louca de sair contando. Até porque faltava a ligação definitiva – o Carlos com o resultado do exame de sangue. Desliguei o telefone achando tudo muito surreal, como assim o povo estava falando de mim, e de gravidez, e eu estava ali completamente grávida sem ninguém saber??? Coisa doida.

 

Pois bem: Carlos ligou depois de 10 minutos e confirmou o que nós já sabíamos, eu estava grávida de 6 semanas, oh god!

 

Foi assim. Um susto colossal. Porque era parte dos planos, mas não achei que aconteceria tão rápido – engravidei exatamente 1 mês depois de parar a pílula. Então os primeiros dias foram assim meio esquisitos, bateu aquela coisa de “estou velha e nada será como antes”, saca? Deu medo, deu tristeza, foi um pouco a marca definitiva de que a minha adolescência-tardia se fora de vez.  Um certo luto pela passagem (tão rápida!) do tempo, um questionamento existencial, por quê?, pra quê? pra onde? e etc. Enfim, essa frescura durou uns 3 dias e então eu virei uma grávida serelepe feliz da vida com a idéia de carregar um feijãozinho na barriga. E dali pra frente, só alegria. E enjôos - porque óbvio que eu precisei saber que estava grávida pra começar a sentir os sintomas todos ("eu saberia", eu disse pro Carlos naquela manhã... HAHAHAHA!)



*Alice doesn't live here anymore*

(agosto/07 - uns 20 dias antes da Alice nascer)






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