Preciso interromper a programação normal deste blog pra contar que: eu e Carlos fomos pra Londres para ver peças. Vimos Romeu e Julieta no Globe Theatre, de dia, ao ar livre, como se fazia em mil-seiscentos-e-trilili. Foi emocionante e eu tinha tudo pra ter me debulhado em lágrimas, mas aí o casal protagonista era meio marromenos e a cena final foi demi-bouche, o que eu até achei um pouco bom porque não gosto de chorar em público.
E também conseguimos, em cima da hora, ver Hamlet. Em cima da hora porque os ingressos estão esgotados há meses, e então a gente se aboletou na porta do teatro e ficou ali batalhando os lugares que sobrassem, se sobrassem. E conseguimos ótimos lugares, próximos do palco e bem centrais. Eu, que já estava descrente, quase tive uma síncope quando percebi que de fato veria o Hamlet naquele dia.
Esse Hamlet:
Ou - ESSE Hamlet:
Ser ou não ser uma tiete louca, eis a questão
Jude Law, minha gente. Possivelmente o homem mais bonito do mundo. E aí eu sentei na minha cadeira e quando ele entrou no palco eu apertei forte a mão do Carlos e senti uma batedeira louca no peito - sei que não é adequado e eu teria preferido dar mostras de histeria para uma amiga, mas a mão do Carlos foi a que se apresentou no momento e tomou os apertões, paciência. Aliás, nesse nosso ano em Paris ele já se acostumou com as minhas meninices compartilhadas, e já aprendeu que quando eu digo "Cá, quer ser minha amiga?" é porque vou despejar pra cima dele algum comentário sobre vitrines ou maquiagem ou, nesse caso, Jude Law. Bom, eu fiquei os primeiros minutos assim meio frenética, e depois fui banalizando o fato de ter Jude Law na minha frente e até consegui prestar atenção na peça.
A surpresa foi que o cara é muito bom. Essas pessoas insuportavelmente bonitas tem essa desvantagem (ou vantagem, dependendo do caso) de a beleza bastar. A gente fica abestalhado e mal presta atenção no resto. Então eu me esforcei pra prestar a atenção que a peça merecia. Tentei abstrair o par de olhinhos azuis e o sorriso encantador e foquei no, hum, talento do rapaz. E achei que ele arrasou, de verdade. Mas eu estava um pouco entorpecida e não confiei no meu julgamento, então perguntei pro Carlos o que ele estava achando. E ele confirmou: Mr. Law está muito, muito bem na pele do príncipe pseudomalucão. E a montagem é
ótima, achamos a melhor dos últimos Hamlets que vimos (e foram 4 em 2 anos - Carlos é um pouco obcecado com essa peça e me ensinou a gostar muito dela.)
E ele ainda completou assim: o cara está muito bem e tem uma coisa além do talento que é importantíssima: ele tem carisma. Isso faz muita diferença.
Olha, a pessoa que sabe tudo de teatro é ele e não eu, de modo que só posso humildemente concordar.
Olha esse carisma, gente!
Bom, então assim que eu recuperar o fôlego conto como foi a nossa primeira viagem sem Alice.