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(texto de julho de 2007 - eu estava grávida de 8 meses)


:: Infantil, eu?

Então eu fui com mamãe conhecer o mundo encantado dos bebês, também conhecido como Alô Bebê. De bombinha de nariz a berço, eles têm TUDO o que você precisa – e o que não precisa, como é o caso da própria bombinha de nariz.

O mundo encantado dos bebês é bastante divertido, mas tem uma particularidade irritante: divide o mundo em rosa e azul. Se você não souber o sexo do bebê eles te permitem arriscar um amarelinho, um verde clarinho, no máximo um branco (que é polêmico por ser clean demais, e por alguma razão desconhecida as pessoas preferem um bebê empetecado a um bebê clean. Hello?? Menos é mais, minha gente!). Se você sabe o sexo, é praticamente obrigada a levar paninhos azuis ou rosas, sob pena de ser olhada com olhos horrorizados pelas vendedoras e pelas outras mamães que estão no local.

Alice, até segunda ordem, é menina, portanto estávamos sendo arrastadas para o lado rosa da Força. Medo!

(Cabe aqui abrir parênteses para esclarecer que eu adoro rosa. Sério mesmo. Depois de uma infância completamente machinha – entrarei nessa questão num outro post, porque ela explica muito sobre mim – eu descobri, melhor ainda, eu me permiti o rosa. Não se trata portanto de uma questão de cor, e sim de uma questão de princípios: não me parece correto o mundo obrigar minha filha a usar cor-de-rosa. Simples assim. Ok? Fecha parênteses.)

Pra piorar, o rosa vem acompanhado pelos seguintes (e apenas eles) temas infantis: bonecas de trancinhas, bichinhos peludinhos, flores, no máximo borboletas. So boring. Achei aquilo irritante e então, depois de muito ponderar, decidi que só me restava fazer a chata - por quê não?

Então a moça veio me atender e: 

Eu adoro azul! (mentira) - e pedi pra ver o enxoval “dos meninos”. Mas só tem azul bebê? (voz de decepção.) Não, tem amarelinho, e verdinho, e branquinho. E a moça traz opções, muitas opções. Não sei, não sei... escuta, não tem nada mais adulto, não? Não, óbvio. Achei que a vendedora ia me mandar atravessar a rua e procurar meu enxoval “adulto” nas Lojas Marisa, mas ela permaneceu fina até o fim. Que pena... então deixa eu ver os bichinhos. E lá vem a fauna. Ursinho. Não.Cachorrinho. Não. Coelhinho. Não. Vem cá, todos os bichinhos são assim, fofos? Por que isso?

Foi divertido por uns minutos, confesso. Mas aí começou a ficar tarde, a barriga pesou, minha mãe queria morrer de vergonha, e nada de achar qualquer coisa que estivesse dentro das minhas exigências de pessoa chata. Eu precisava comprar alguma coisa, era o mínimo que eu devia à vendedora, tão solícita e simpática. Por outro lado, não queria sair da personagem, entende? É gostoso, é refrescante e é terapêutico ser uma víbora de vez em quando. Sobretudo na gravidez, quando ninguém briga com a gente.

E aí? Como comprar na Alô Bebê mantendo-se fiel ao postulado “sem cores pastéis, sem delicadeza, sem fofices de qualquer tipo”?

E aí que eu voltei pra casa com a toalha de lesminha e o macacão marrom-cocô.

Céus!

Pelo menos foi uma pechincha. A economia de hoje é a terapia infantil de amanhã.

Mal aí, Alice...





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