O Cabelo de Lelê e Menina Bonita do Laço de Fita
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O Cabelo de Lelê e Menina Bonita do Laço de Fita


Postado por Renata em 9 outubro 2008 às 2:09



*reprodução de um post que acabo de publicar no meu blog: www.acontecedentro.blogspot.com

Esses dois livros abordam a questão da raça. No primeiro da raça negra, no segundo da diferença, da diversidade de cores. E acho que são louváveis pelo simples fato de terem sido escritos, afinal na
mídia, nos livros, na TV, no cinema e nos livros - pelos menos os brasileiros e os que têm projeção internacional - o normal é o branco, o caucasiano. Em matéria de cultura e universo infantil, então, isso é muito mais forte. As princesas e a maioria das Barbies e bonecas são o que? Quase sempre loiras, 98% das vezes brancas. Isso se ficarmos na questão da cor, porque se formos além percebermos que elas impõem outros padrões também, como a magreza, que não cabe discutir aqui agora.
O
objetivo desse post não é discutir preconceito, menos ainda a questão do rascismo no Brasil, que é um tema complexo e polêmico. Mas o fato é que parei pra pensar na questão porque a filha da minha empregada, que é uma menina linda e bem pretinha, de cinco anos, há um tempo cismou que não gostava da sua cor. Dizia que queria ser da cor de uma prima dela, que embora miscigenada tem a pele bem clara, e é linda também. Na ocasião, passeando na livraria, descobri o livro O Cabelo de Lelê, de Valeria Belem, e achei que seria bacana pra ela. Comprei um pra ela e um pra Pipoca, a mãe levou, leu pra ela e ela gostou muito. Passou a, sempre que tinha o cabelo penteado de um jeito diferente, procurar no livrinho a imagem da Lelê com que ela se identificava. Já a Pipoca não se empolgou tanto, acho que na época (e ainda hoje, acho) esse tipo de questão não fazia parte da vidinha dela. O livrinho conta a história de uma menina que tinha um cabelo muito rebelde, cheio de cachinhos que não conseguia domrar. Com um livro, ela acaba compreendendo o porquê, através da descoberta de sua herança africana. As ilustrações são lin-das. Pretendo voltar a esse livro com a Pipoca.
Tempos depois, incentivada por um desabafo da
Ceila onde ela citou o livro, comprei Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado. O livro foi um sucesso aqui em casa. O texto é delicioso. Pipoca rolou de rir com as gracinhas da menina pretinha que vivia inventando histórias para o pobre coelho, e pediu pra eu ler milhões de vezes, como sempre ela faz quando gosta muito de um livro ou dvd. E, pra completar, a mensagem é muito bacana, ensina basicamente que se misturarmos preto com branco vários são os resultados que podem ser obtidos, e que todos são igualmente belos, cada um a sua maneira. Aqui, a inspiração para a história contada pela autora e - muito interessante! - as diversas reações que ele causou em alguns dos países onde foi traduzido e publicado.
Um livro, isoladamente, não ensina nada a uma criança, mas a história que nele está contida - vide os contos de fada, que vem sendo transmitidos de geração para geração há séculos - pode ter grande importância em sua vida, e na de um adulto também. Principalmente se aborda questões complexas e nebulosas, difíceis de serem compreendidas apenas num plano consciente e racional. Alguns sentimentos, algumas emoções, por exemplo.
É claro que, apesar de valorizar muito histórias que têm um cunho educativo, uma mensagem
bacana, sei que um simples livro não ensinará uma criança a lidar com uma questão como o preconceito, afinal de fato é o exemplo que ensina. Por issomesmo nossa responsabilidade é enorme: somos, em todas as nossas atitudes, por mais cotidianas, automaticas ou banais que possam parecer, um espelho para nossos filhos, para os homens de amanhã. Por isso a importância daquela educação que vai além das formalidades e regras de estiqueta, a que chamamos de "berço", e que tem a ver, na minha opinião, com o amor e o respeito ao próximo acima de tudo. Mas...nada como um livrinho que corrobore o que procuramos passar para nossos filhos, ainda mais contando uma história deliciosa, com belas ilustrações e numa linguagem acessível e que os arrebate, não é mesmo?




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