:: A televisão me deixou burra, muito burra (mas feliz!) demais.
Filhos

:: A televisão me deixou burra, muito burra (mas feliz!) demais.



Minha vida é um eterno pagar a língua por todas as afirmações que eu já fiz sobre maternidade e tudo que já julguei sem o menor conhecimento de causa. Falar é fácil, e eu falava horrores.


Por exemplo:


Eu sempre critiquei quem tem babá, até precisar de uma.

Eu sempre achei o fim criança correndo em restaurante, até entender que criança correndo feliz é mil vezes melhor que criança sentada aos berros.

Eu nunca entendi mães ignorando pitis dos filhos em lugares públicos, até aprender que às vezes ignorar é preciso e altamente pedagógico.

E eu sempre jurei pra mim mesma, com a mais inabalável das convicções: meu filho não vai ver televisão! HAHAHAHAHA!!!

 

Olha, eu acho incrível a família que consegue ficar firme na decisão de não oferecer a TV como alternativa e ponto. De verdade. No meu mundo ideal, Alice faria um quinquilhão de coisas legais e nem daria bola pra TV. Mas é difícil se manter firme no dia em que você descobre que os Backyardigans tem o poder sobrenatural de manter  bebê calminho e entretido por 30 minutos.

Veja bem: se eu me travestir de abacaxi e dançar o ragatanga cantando em javanês, a Alice há de me dar bola por o quê?,  2, 3 minutos? No máximo. Mas se o pingüim azul se vestir de estronauta e cantar em português péssimamente dublado enquanto aquela formiga lesma lombriga coisinha cor de rosa dança jazz moderno em cima de um rochedo gelado, Alice vai parar pra ver. O tempo que for, ela assiste. E gosta. E atenção: ela está quieta, entretida e NÃO PRECISA DE MIM. Dá pra sair de perto, mandar um e-mail, ler um caderno do jornal, fazer pipi, pintar as unhas de vermelho: ela nem nota que eu saí. Parece pouco, mas para uma mãe que passa o dia com um bebê isso é muito, acreditem. E assim descobre-se que o risco maior é a mãe ficar viciada na TV, e não a criança. Muita autodisciplina é necessária pra gente conseguir ficar mais ou menos fiel ao princípio da não-televisão.

Mais ou menos porque, conforme venho fazendo frequentemente nos últimos 2 anos (ai que vergonha!), achei razoável afrouxar um pouco a regra. Então agora é assim: meus filhos não vão ver SBT. Não-vão! O resto a gente até negocia.

A TV Cultura, por exemplo. É legal, pô! Provavelmente por isso Tá sempre meio falida, mas tem uma programação bacana. Eles me deram Bambalalão e dão Cocoricó pra Alice, e só por isso já merecem pontos. É a única emissora onde seu filho vai aprender que o lago Titicaca fica na Bolívia, ou ver um cocô cantarolando suas virtudes. Fora que Hélio Ziskind, que faz as músicas todas, é o rei supremo das crianças. Tudo que ele faz eu gosto, e a criançada mais ainda.

A Globo não sei muito o que tem feito para as crianças além da Xuxa de sempre (sem-pre, god!). Nas poucas vezes que zapeei pela TV Globinho vi uns desenhos bobos e cheios de lutas que me cansam um pouco. Mas: a Globo fez os melhores infantis dos anos 80, fato. Plunct Plact Zum, A Arca de Noé, Casa de Brinquedos. Juntou as pessoas mais legais da música brasileira e botou o Kid Vinil vestido de boto em Verde que te quero ver. Enfim: fez história e merece meu respeito, ainda que hoje em dia não faça lá grandes coisas para o público infantil. 

SBT me dá nojo. Record, Gazeta, Rede TV? Sinceramente, nem sei o que eles têm de programação infantil.

E aí temos os canais fechados. Especialmente a Discovery Kids, que vai na veia da gurizada pequetita. Ainda não consegui decidir se pro bem ou pro mal, mas algumas das coisas ali me parecem legais, tipo Charlie e Lola, que é adorável, ou aquela Princesinha doida que é uma graça (ela é personagem dos livros do britânico Tony Ross, recomendo!), ou mesmo os Backyardigans, que me ganham pelos bichinhos dançando coreôs cafonas feito gente grande. Já Alice, para o meu desgosto, gosta daqueles adultos meio bobos do Hi-5. Tenho muita vergonha alheia por eles com aquelas roupas e trejeitos infantilizados, mas pelo menos acho do bem, eles contam histórias e se fantasiam e ensinam as cores ou os sentidos, sem grandes apelações. É tudo irritantemente politicamente correto, mas acho que nessa idade tem que ser mesmo, né? Mas não sei, esteticamente aquilo me desagrada muito, acho de uma cafonice mortal. E, de novo, a dublagem dói demais (alôu Discovery Kids, que acontece que todas as músicas dubladas por vocês perdem a métrica??? Chamem o Ziskind, faz favor!) 

Bom, o fato é que agora Alice assiste televisão, e por uma questão de coerência educacional eu fico tentando me convencer que não é tão ruim assim. Pois não é todo dia, nem o tempo todo, e nem qualquer coisa. E garante uma dosezinha de descanso e o consequente bom humor da mamãe aqui, o que me parece válido. Se isso não bastar como argumento, me resta dizer que por causa da tv eu conheci meu novo personagem favorito DA VIDA, aquele porquinho on drugs do Cocoricó que atende pelo nome de Astolfinho. Astolfinho canta, dança e representa. Astolfinho tem uns tiques que Alice imita e me mata de rir. Astolfinho me alegra e me dá esperanças de que a televisão, como a vida, pode sim valer a pena!




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