Eu me considero uma pessoa inteligente. Tenho momentos de burrice desmoralizante, vá lá, mas assim, de modo geral, eu sou bem esperta.
Pois eu cometi dois erros estúpidos com a Alice. Erros primários, óbvios e injustificáveis. Fui tão ingênua que chega a ser comovente. Ingênua é até bondade, eu fui burrinha mesmo. Acontece.
Pois bem: eu fiz a Alice achar que roubar óculos era legal, e a ensinei a cantar a ária da Rainha da Noite d’A Flauta Mágica (vejam a partir dos 40 segundos).
E agora a vida é assim: bobou, ela pimba! nos óculos do primeiro desavisado que a encarar de muito perto – e todo mundo encara, como resistir? Então eu tiro os óculos das mãos dela, explicando que óculos são importantes para os seus donos e não é legal ela roubá-los e nem devolvê-los melados de baba (porque as mãos dela estão invariavelmente babadas, quando não estão coisa pior, agora que ela aprendeu a enfiar o dedão inteiro no nariz). Ela devolve, mas protesta. Dá gritinhos num timbre de quebrar cristais, ou causar histeria em cachorros. A moça do vídeo teria até uma certa inveja do alcance vocal da minha pequena.
De modo que eu escolho: ou ando cegueta pela casa, ou tenho os tímpanos prejudicados pelos pitis da Alice. Baita sinuca. Acabo escolhendo os óculos, porque 4 graus de miopia não é coisa fácil de se abstrair. E essa moda gritalhona passa, espero. Na dúvida, paramos com a Flauta Mágica. Nossa cantoria agora é de Pavarotti pra cima. Ou melhor, pra baixo. Vários tons pra baixo...