:: Olha a cabeleira do Lucão, será que ele é, será que ele é?
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:: Olha a cabeleira do Lucão, será que ele é, será que ele é?



Lucas, esse ser engraçado e simpaticão, nasceu com o cabelo enroladinho, um monte de cachinhos na cachola, tóim tóim tóim tóim.

Mas os cachinhos não habitam a cachola toda. Eles se concentram nas pontinhas. É o famoso "cacheado nas pontas", sonho de consumo de 9 entre 10 seres humanos (inventei a estatística agora, quem nunca?).

Eu me apeguei aos cachinhos e gosto de ficar brincando com eles, afofando, cutucando e esticando as molinhas.

Alice bebê tinha o mesmíssimo cabelo com molinhas nas pontas. No dia em que resolvi cortar, aconteceu o que eu temia: bye bye cachinhos. As molinhas não voltaram nunca mais. Sobrou na Lili um cabelo bonito e cheio de balanço, nem liso nem ondulado, mas "jeitoso", como diria mamãe. Mas sem aqueles cachinhos fechadinhos, tão brilhantes e sacolejantes que dava vontade de ficar olhando pra sempre.

Vão-se os cachinhos, fica a saudade. Coisa mais rica, cachinho de criança, né gente? De modo que não quero cortar os cabelos do Lu. Quero que os cachos permaneçam grudados na cabeça dele ad infinitum, ou ao menos até ele ter autonomia e aquele certo grau de rebeldia que o façam tacar a tesoura na juba por conta própria.

Por conta da cabeleira, Lucão me lembra o ultrafofo garotinho de Tempos da Camisolinha (aquele conto do Mário de Andrade que começa com um corte de cabelos traumatizante), o que me faz zelar ainda mais pelo cabelo cachudo dele. Imagina se vou passar a tesoura no menino e depois virar a carrasca das histórias dele, caso ele resolva ser o novo Mário de Andrade? Jamé! Prefiro seguir me esbaldando com os cachinhos quase dourados, tão lindos!, do meu bebezão.

Há um porém.

O mundo deu pra tratar meu filho como uma garota. Não tem nem aquela cara de dúvida que ainda pairava uns meses atrás. Agora todos são taxativos: que linda! Na verdade eu não acho isso porém nenhum, mas aparentemente é sim, porque as pessoas têm muitos problemas com essa coisa de definição de gênero (né Mamatracas?) e ficam implicando com meu menino cabeludo. Ainda mais porque, como bom irmão de menina, ele ama passar batom (no queixo) e botar tiaras e coroas de strass na cabeça. Eu acho absolutamente adorável e engraçado, e faço questão de tirar fotos e tal. Mas até vovó, toda progressista, acha que tudo tem limites. Principalmente quando eu faço rabo de cavalo nele (e aí confesso uma certa culpa: eu faço isso para ter um revival da Alice bebê. De costas, é como vê-la pequeninita de novo. Como resistir?).

Mas eu dizia que o mundo acha que o Lucão é menina. Por mais que eu até invista em outros signos da masculinidade (roupas "de menino", cores "de menino"), parece que é o cabelo o que mais define a macheza da criatura. E tem quem se importe com macheza (ou feminilidade) de criança de um ano e sete meses! É muita bestice, né não?

Estou sob pressão, gente. A turma do Corta! Corta! está me deixando nervosa. Eles não entendem que os cachos vão embora para sempre? OS.CACHOS.VÃO.EMBORA.PARA.SEMPRE, amigos! Não aprendi a dizer adeus, não quero, não tô pronta, leave us alone.

Resistiremos! Lucas será o símbolo, o avatar cabeludo, o Che Guevara meets Luiz Caldas da luta pela liberdade capilar - e de definição de gêneros, por que não? - na primeira infância.


Hai que endurecer, pero sin perder los cachinhos, jamás!





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