:: Sobre pré-parto, um marido piadista e quantos cabem num coração de mãe
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:: Sobre pré-parto, um marido piadista e quantos cabem num coração de mãe



Quem aí sabe quanto tempo pode durar um pré-parto?

Eu comecei a ter contrações na madrugada de sexta pra sábado. Foram 3 horas de contrações com uma coliquinha leve e vindo com frequência, mas sem muita regularidade (intervalos entre 7 e 13 minutos, mais ou menos). E aí acabou-se. O dia correu normalmente, com umas contrações fracas aqui e ali e uma certa diarréia. Domingo as contrações se repetiram por mais umas 3 horas, com intervalos de uns 9 minutos, ou mais, ou menos. Como vieram, se foram. Nessa última madrugada, idem - um pouco mais fortes, mas por menos tempo. E agora eu estou assim, de sobreaviso, sem conseguir planejar a próxima hora do meu dia. Dá tempo de lavar e secar os cabelos? Levar Alice na escola? Devo almoçar pra valer, ou fazer uma refeição leve? Maridão segue pro trabalho (longe pra cacete) ou fica por aqui? Dúvidas, dúvidas...

Isso pra mim é uma tremenda novidade, porque o parto da Alice aconteceu de uma vez: foram 18 horas de contrações, dilatação, hospital e pluft, lá veio ela. Eu não sabia que a coisa podia se arrastar por dias desse jeito, e essa indefinição dá uma gastura tremenda. Acho que vou ali subir e descer escadas pra ver se alguma coisa acontece...

***

:: Mais da série: Me casei com um piadista

Ando pela casa arrastando chinelinhos e com as mãos nas cadeiras: ai minhas costas, ai minha bunda, ai que dor na perna, ai essas pontadas nas partes!

E ele: ah vai, você tá reclamando DE BARRIGA CHEIA!

Ou

Eu toda megera, dedinho em riste no nariz dele, no meio de um ataque de agressividade gratuita (nós grávidas somos boas nisso).

Ele: Olha esse tonzinho, hein?, que VOCÊ É DOIS MAS NÃO É GRANDE!


Rará, dá pra não amar?

***

:: Sempre cabe mais um

Eu sou a segunda filha. E passei a vida inteira sendo nojentinha e usando isso a meu favor nas brigas com o meu irmão: eu sou a caçulinha, sou protegida, sou mais querida, não encosta em mim que eu chamo a minha mãe e ela vai me proteger, trá-lá-lá!

Agora, prestes a ter o segundo filho, fico me perguntando DAONDE que eu tirei essa idéia estapafúrdia de que os caçulas são os queridinhos. Porque só consigo pensar em como será possível que outro serzinho conquiste o mesmo amor estupidamente infinito que eu sinto pela minha filha - que por hora ainda é única, ou quase.

Horrível, né? Só faço essa confissão porque já li sobre esse mesmo sentimento em um bocado de blogs por aí e isso me deixou mais tranquila. Pelo jeito não sou só eu que sofro com essa dúvida: será que serei capaz de amar outra criaturinha como eu amo a Alice? Racionalmente, eu sei que sim, óbvio. Mas hoje é muito difícil conceber que eu consiga reviver esse sentimento com a mesma intensidade. Eu só vou ter noção da minha capacidade de dividir (ou melhor, multiplicar) o amor quando meu segundinho nascer (hoje? amanhã? depois?). E até lá, apenas PENSAR que é impossível já me faz sentir uma culpa enorme.

Pra completar, desde que engravidei de novo, eu me peguei pensando nisso e fiquei toda dodoizinha por ser a segunda. Pela primeira vez me caiu a ficha de que antes de eu existir meu irmão era o centro do universo dos meus pais. E de que o segundo filho já entra na família dividindo tudo e sem o luxo da atenção exclusiva que o primogênito teve.

Ao segundinho cabem álbuns de fotos mais magrinhos e brinquedos usados. Um colchão manchado de xixi alheio. Um quarto dividido com decoração improvisada, um carrinho cor de rosa e uma irmã mais velha que até aprender a amá-lo vai olhar torto, fazer comentários enciumados e talvez mordê-lo com força, como meu irmão fez comigo quando eu era pequetita. Que tristeza ser o segundinho, gente! E eu com delírios de ser a mais mimada, pobre de mim...

O que me salva - e vai salvar o meu segundinho também - é que no minuto em que ele nascer esse post vai perder completamente o sentido, e eu vou me achar uma maluca por ter sequer considerado que não seria capaz de amar o mesmo tanto. Afinal, por trás desses óculos bate um coração de mãe, e coração de mãe a gente já sabe, né?




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